terça-feira, outubro 10, 2006

Dez anos sem Renato Russo

Há dez anos foi-se o cometa, que levou junto uma geração. Renato, em 36 anos, manteve o poder de não se identificar com ninguém que tenha antecedido. Não o comparem a ninguém, ele foi alheio a todos, diferente de tudo.
Foi o irmão mais velho da turma, por traduzir em suas letras inquietação, rebeldia e a inspiração amorosa que mobiliza todo ser no curso de uma vida.
De cantar as mazelas do país e de sobretud falar aos jovens de sua época com o coração. A banda foi abraçada por meninos e meninas carentes de referências. Somando a tudo isso conflitos da impossibilidade amorosa, das pequenas imperfeições das amizades, da hipocrisia familiar e religiosa, da barra de exercer a sexualidade com plenitude, do fantasma da AIDS, que o levou.
A "seita" Legião Urbana reuniu multidões, quase uma religião onde cada fã era simplesmente fascinado pelo nosso "líder". Cantava em coro as músicas da banda, como se fosse uma declaração de nossa vida.
Melhor do que ninguém ele soube expressar cada sentimento dessa geração, a geração Coca-Cola. Quem é que nunca cantou Eduardo e Mônica numa rodinha de amigos!
Ao mesmo tempo que falava de amor ele pensava em tudo, estava sempre a mil por hora. E só quem pensava em tudo o tempo todo poderia perguntar "Que país é esse?", falava de índios, pais e filhos. Esse era o grande segredo do nosso poeta. Ele dizia tudo o que queríamos dizer, só que da maneira mais doce e voraz.
Doce, genial e voraz, esse era Renato. O mesmo que podia explodir euforia ou definhar na depressão de uma desilusão amorosa. Era sujeito a crises temperamentais, sim. Mas ninguém se importava.
Dez anos sem ele, o que nos resta é saudade daquele que sabia rimar romã com travesseiro.
(autor desconhecido)

Nenhum comentário:

 
BlogBlogs.Com.Br